quarta-feira, 24 de março de 2010

Prazeres da Carne...




Na cozinha eu estou sempre tentando fazer algo diferente, sejam com aves, outras carnes brancas, pescados ou com carne vermelha; há sempre um bom lugar num prato especial para um generoso pedaço de carne. Esta história de vegetariano, para mim não cola! O Brasil é um país com fartura de opções cotidianas de partos com carne e por onde eu ando, estou sempre dando de cara com generosas porções e cortes sensacionais de carne.

No Texas eu descobri o corte de contrafilé com osso, que aqui no Brasil, em alguns Estados o chamam de vários nomes; uma primazia da culinária rústica que poucas pessoas conhecem. Na Argentina a tradição é o Bife de Chorizo, que é uma espécie de contrafilé totalmente diferente daquele que vemos aqui nos açougues, além do mais, jamais ele é feito numa panela e sim na brasa e por pouquíssimo tempo. E assim vão os milhares de receitas que envolvem a velha, tradicional e maravilhosa carne bovina.

Na postagem anterior eu falei de um corte de maminha com molho romanesco; uma receita que eu aprendi lá pelas bandas da Baía de Cadiz na Espanha e que leva uma forte influência marroquina (no Marrocos eles fazem com carne de cordeiro), hoje eu não falarei de uma receita, mas da importância do corte e do tempo de preparo da carne vermelha.

Nos açougues tradicionais já encontramos profissionais que sabem cortar a carne no formato de outras nações; aqui onde eu moro, sempre compro carne num lugar simples num bairro vizinho de onde resido; os açougueiros que trabalham neste lugar cortam as carnes que eu peço, sempre de modo diferenciado, bastando que eu solicite e os informe a pretensão culinária que vou destinar.

Uma dica importante é que vários cortes, muitas vezes os mais simples, podem fazer a diferença no sabor da carne. Esta semana eu pedi uma capa de costela magra, carne que geralmente não passa de R$ 6,00 o kg e o açougueiro a tratou para deixá-la como uma espécie de lençol de espessura mediano. Acrescentei uma lingüiça defumada e algumas “tiras” de bacon com pouca gordura e tudo deu R$ 20,00.

Em casa eu temperei com meu molho secreto e tempero de limão com ervas finas; um pouco de zatar árabe para dar um sabor especial e um leve banho de vinho tinto seco. Enrolei a lingüiça e o bacon na mantinha de carne, amarrei com barbante para dar uma forma de charuto e ensaquei os dois pedaços de mais ou menos um quilo cada, para maturar e pegar sabor. Seis dias depois, conservado apenas na geladeira, pus um para preparar na brasa e o outro no forno envolto em papel alumínio. O resultado foi magnífico! Os dois pedaços renderam uma bela base para novos experimentos e o sabor, após um pouco de chimichurri argentino, ficou muito parecido com o matambre do Uruguai.

Gastei pouco mais de 20 Reais nas carnes e oito pessoas comeram e aprovaram as receitas; ficou R$ 2,50 para cada glutão que visitou meu espaço gourmet, o que não daria para pagar um cachorro quente numa lanchonete!

Pense bem naquilo que você deseja fazer em sua cozinha; depois peça opinião ao açougueiro de sua confiança; aprenda que bons cortes independem de uma carne de qualidade internacional e procure sempre as receitas mais simples, com ênfase na carne que fique menos tempo no fogo. Esta é uma das dicas, a dica do sabor extremo; carnes que permanecem por muito tempo no fogo estragam o sabor. Se você não gosta de carnes ao ponto ou mal passada, prefira outros cortes ou outras receitas.

Lembre-se que pratos requintados também podem ser feitos com carnes menos nobres e que nem sempre gastar muito quer dizer “fazer bem feito”. Nas fotos vocês observam um BIFE DE CHORIZO que eu preparei ao modo uruguaio e nas outras duas fotos da caçarola, uma tentativa de fazer o mesmo bife de chorizo sem ter que usar carvão e brasa; o resultado deste último não foi muito satisfatório!

Na próxima publicação falarei como se faz uma BOA E ESPECIAL MOQUECA BAIANA, a típica e tradicional moqueca de camarão que somente na Bahia se consegue fazer com tanta perfeição!

Até lá!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Meu site: www.irregular.com.br

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Maminha Romanesca ao molho do Imperador



Maminha Romanesca ao molho do Imperador

Esta é uma receita adaptada de outra que vi na Espanha, na região de Sevilha. Os sevilhanos preparam um prato parecido, com outra composição aromática e outros temperos; eu fui buscar a inspiração naquilo que dispomos aqui no Brasil e muito embora a foto não esteja a nível profissional, dá uma breve dimensão de como ficou. É muito bom lembrar que esta receita é para quem ama o sabor verdadeiro da carne vermelha!
É fácil, simples e deliciosamente saboroso, portanto, não deixe de fazer e mandar o seu comentário.

Ingredientes:

600 gramas de maminha
½ maço de coentros
½ maço de cebolinhas
½ cebola branca
06 dentes de alho
10 mini tomates italianos
10 azeitonas sem caroço
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
100 ml de azeite de oliva extra-virgem

Como Fazer:
Tudo começa no corte da carne. Você deve retirar tudo que seja pele e somente deixar algum vestígio da gordura natural da carne. Divida a carne em dois cubos grossos (cerca de 7 cm de espessura) e tempere-os com o sal e a pimenta do reino. Não precisa mais que 10 minutos no tempero.
Enquanto isso lave os tomates e mantenha-os inteiros; retire a pele do alho; corte a cebola no sentido “meia lua”, pique o coentro e a cebolinha, lave bem a azeitona e deixe tudo reservado numa tigela pequena.
Numa caçarola larga e grande esquente bem o azeite de oliva; quando você notar a mudança de cor é o sinal de que ele está muito quente; coloque o lado mais duro da maminha temperada, aquele mesmo lado que você retirou a pele fibrosa e deixou um pouco da gordura. Deixe fritando em fogo alto por cerca de 3 minutos. Baixe o fogo para médio e mantenha a maminha fritando somente de um lado. Este é um dos segredos do que você vai provar depois!

Quando a carne mudar completamente de cor, passando a ficar marrom, vire o lado da maminha por no máximo 1 minuto em fogo bem alto. Baixa novamente o fogo, colocando em médio e volte o lado mais duro para fritar. Coloque todos os ingredientes reservados na tigela na mesma caçarola onde está a carne e com uma colher de pau fique virando e mexendo. O sinal é quando o tomate começar a mudar de cor para ficar quase preto. Neste momento, retire tudo da caçarola, menos a maminha, que deve ficar fritando.

Coloque tudo dentro da tigela para esfriar um pouco e baixe o fogo da maminha na caçarola. Bata os ingredientes do molho no liquidificador no “pulsar” por cerca de 30 segundos ou até quando virar uma pasta meio homogênea.

Faça sulcos de mais ou menos 1 cm a maminha da caçarola, sem deixar que vire filetes. Coloque o caldo que sobrou da caçarola junto ao molho batido. Retire a maminha sulcada e ponha em seu prato, colocando a seu gosto o molho batido por cima dela.

Tente, experimente e nos conte esta experiência incrível de comer uma carne de sabor inigualável, com uma textura ímpar e um molho quase agreste que os espanhóis dizem ser da Romênia e que remonta de muitos séculos!

Esta receita eu fiz pela primeira vez para agradar a minha querida esposa, Cristina, que já me exigiu que fizesse outra vez! Sinal que ela gostou!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires, o CHaMP!
Meu site: www.irregular.com.br